sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

MAMÃE E A SALA DE DEBATES!















Quando nos reuníamos na grande sala para conversas intermináveis, e debates sobre aqueles assuntos que surgiam como se fossem do nada e se prolongavam em discussões sem sentido, daquelas sem pé nem cabeça que cada um de nós poderíamos jurar ser bom entendedor,
Lá estava você mãe, no cantinho da sala, atenta a tudo! Na minha imaginação havia uma aureola de luz a sua volta quando nos falava com carinho: "Calma crianças! Não levem isso a ferro e fogo!"
Posso voltar no tempo e em pensamento te ver de novo com um sorriso feliz, nos olhando como se quisesse eternizar aquela cena que provavelmente pra você tinha um grande significado,
Ali estavam seus frutos saudáveis, frutos que sairam de ti, crias suas, seu maior tesouro!
Tão diferente e tão iguais ao mesmo tempo, diferentes em opiniões, temperamentos, mas que você ficava feliz em perceber que apesar da dificuldade e sem muito entendimento das coisas, se adaptando aos acontecimentos já que filhos como se diz não vem com manual informativo. Criava esse grupo de seres muito parecidos entre si,  mas individualmente diferentes nos seus medos, nas suas fragilidades, cada um com seu certificado de independência.
Percebia em cada um o desejo de exigir autonomia no pensar, de exigir que tivessem um argumento inteligentemente forte para que pudessem admitir que o "seu argumento" apesar de não estar errado, poderia não ser o mais sensato.
Na verdade parecíamos uns cabeças dura, debatendo sobre coisas que às vezes nem tínhamos muito conhecimento, mas era assim que nos aprofundávamos um pouco mais nos assuntos discutidos e trazíamos para o debate seguinte mais argumentos.
Era ali o lugar onde se confrontavam os filhos adolescentes de Dona Elza, a filha da vó Edith, era ali que se reuniam para debater como que entendessem, assuntos que na verdade só estavam super desejosos de aprender.
Chegavam  trazendo novidades do colégio, do trabalho sei lá de onde, eram informações que vinham de encontro a outras informações parecidas mas diferentes ou completamente contrárias, mas o que era melhor, tudo acabava ali, na mesa de debates da grande sala para as devidas discussões.
Já sabíamos naquela época que as opiniões têm que serem defendidas com verdades e bons argumentos, e que informações diferentes mas discutidas com seriedade podem gerar soluções conciliatórias, e que todos podem aprender com isso. Só não sabíamos ainda que nem sempre nos fazemos entender por muito falar. Mas a dona Elza sabia, e era ela quem conciliava tudo, dava moderação!
Ali naquela sala de debates só não haviam palavrões, xingamentos, na verdade isso não era permitido e nós sabíamos muito bem quais eram as regras da casa. Mas que eram freqüentes as alterações de vozes, lá isso era, e de vez em quando embolávamos o meio de campo com todos falando quase que ao mesmo tempo. Ai nesse ponto mamãe intervia com seu discurso conclusivo mandando todos pra cama sem apelação!
Felizmente ela sabia que aquelas discussões faziam  parte da mistura de temperamentos que tivemos como herança e do nosso jeito de ser que culminava com a empolgação ao falar dos assuntos apaixonantes que abordávamos afinal, éramos apenas uns pequenos adultos que traziam dentro de si um resto de criança, que já revelavam os seus desejos partidários,  gostos, sonhos loucos, vontades .
Penso nisso e vejo você, o seu sorriso silencioso agradecida a Deus por seus filhos, agradecida por todo o caminho trilhado.
Penso nisso quando vejo ainda hoje o seu sorriso ao nos ver reunidos na velha sala conversando sobre coisas que aprendemos, sobre coisa que não entendemos ainda, sobre coisas que nos deixam indignados, sobre o que achamos certo ou errado, enfim sobre a vida.
E você mãe querida, discreta mente se afasta pro seu canto sempre observando, orando, agradecendo.
Abrindo os braços para o bisneto que corre ao seu encontro e se aconchega em seus braços, e você o acolhe com um amor que não se explica com palavras!
Foi com esse mesmo amor que nos observava nas longas discussões, esse amor é o laço que sempre nos uniu!
E é por isso que não importa se em algumas coisas discordamos,
Não importa se não pensamos iguais sobre todas as coisas,
Não, não importa!
O que importa é que sempre colocaremos o amor como mediador entre nos, assim como você fazia quando passávamos da conta em nossos debates.
É por isso que quando penso em nós na grande sala dos nossos debates, sinto tanta falta de estarmos juntos,
Tanta falta das nossas conversas malucas e de rir das exaltações depois!
Tanta falta dos assuntos tão insensatos quanto nós!
É tanta saudade que quase posso ouvir você me falando como se fosse ainda nos velhos tempos e com todo o carinho e suavidade que só as mães têm na voz: "Ainda nos reuniremos de novo filha! Fique calma,  não leve as coisas da vida, tão a ferro e fogo!"


Di Vieira

3 comentários:

  1. É uma pena que pelo jeito que estão se conduzindo as novas gerações, a possibilidade de apreciarmos crônicas tão agradáveis como esta está comprometida, e a palavra doce da figura mãe tranquilizando pois estarão reunidos outra vez também.

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  2. Que pena não é? Mas digo que apesar de tudo precisamos nos esforçar para conservar esses laços que de tão raros parecem só existir em nossa imaginação!

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  3. Graça e Paz do Senhor Jesus.
    Meus parabéns pelo seu Blog. Já estou te seguindo, se desejar seguir o meu será um prazer.
    http://missionaryonline.blogspot.com/
    http://www.valterreisforever.blogspot.com/
    Em Cristo
    Valter Reis

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