Vem cá, me dê um abraço!

Será que ainda há flores brotando na praça?

Será que o sol ainda brilha por lá?

É que às vezes tudo perde a graça, tudo perde a cor.

E eu fico aqui, imaginando a grama verde,

As flores furta cor, os vários tons de rosa.

Será que as crianças ainda brincam ao redor?

E os velhos, será que ainda contam prosas?

Será que ainda há alguém pra admirar a flor? 

Tirar uma selfie?

Falar de amor?

E o jardineiro e o gari?

Alguém viu por aí?

Alô! Alô! Há alguém aí fora?

Há alguém aqui por perto?

Perto da praça, perto do povo,

Olhando o céu azul que é do Condor.

Alô, alô meu amor, vem cá me dá um abraço!

Vem cá me dê notícias!

Se correr, o bicho pega,

Se ficar o vírus come.

Homem, mulher, até criança sente,

Que se parar, enferruja,

Se não ligar, a gente esquece!

Alô, alô meu amor, me liga!

Me diga se ainda tem flor na rua XV,

Se ainda tem crianças correndo na praça,

Me fala se o vírus já foi embora,

Que não há morte pairando lá fora

Que o nosso abraço está aí, esperando.

Alô, alô meu amor,

Tô na janela, tô te chamando!

DI Vieira