quarta-feira, 6 de abril de 2011

YON KIPPUR



Na pequena varanda da velha casa onde passara toda a sua infância e adolescência Beth olhava a paisagem que pensando bem, quase nada mudara. Somente alguns aglomerados de casas mal arquitetadas foram construídas, e  a maioria sem o acabamento final que com certeza daria com suas pinturas de várias cores alguma beleza  ao local. Tijolos e embolso acinzentado  se misturavam entristecendo um pouco mais a paisagem, apesar que mesmo antes, no seu tempo de menina Beth não achava aquele um lugar dos mais bonitos, mas ao menos haviam as árvores que davam um encanto especial aquele fim de mundo onde os políticos e suas promessas que nunca eram cumpridas, só apareciam em eleições, e o povo sempre acreditando que  "aquele" sim, arrumaria as ruas, melhoraria o transporte, pensaria na segurança, etc..  o povo sempre parecia acreditar. Beth não sabia se era inocência ou acomodação. O que Beth sabia era que o povo precisava de uma mudança radical para que suas vidas e casas fossem transformadas , precisavam de uma mudança financeira,  de mudar o querer, aprender a fazer valer seu voto, sua vontade, enfim... precisavam de uma mudança total!
Enquanto isso iam levando a vida, trabalhando, casando ,  enfim vivendo como dava!
Por algum motivo naquele momento Beth estava se sentido assim como aquelas casas, aquela paisagem, aquela gente, e isso tudo ao mesmo tempo. Os pensamentos transformando-se em lembranças que a levavam a um momento de sua história que fazia de tudo para esquecer, mas aquela paisagem lhe deixava sempre um pouco melancólica e aí os monstruosos sentimentos do passado vinham depressa querendo lhe atormentar. Beth não se conformava em ser assim, já há algum tempo havia aceitado o grande amor de Cristo Jesus em seu coração, trabalhava com dedicação na obra social da igreja e se dispunha a ajudar a todos que precisassem, e olha que eram necessidades de tudo, de afeto, carinho, atenção, mas na maioria das vezes a dificuldade financeira era a questão principal e Beth se empenhava na medida do possível para ajudar. Voltava para casa com a sensação do dever cumprido, pensando em novas formas de ser útil aos necessitados, queria o melhor para aquelas pessoas afinal, era um pouco sua gente!
Entretanto não conseguia esquecer o passado, sentia o coração angustiado  cada vez que pensava no assunto, o medo era real parecia que o passado voltava, ficava aterrorizada pela dor dos lanhos provocados pela cinta do pai, ou por outro objeto qualquer que ele achava pela frente, a dor da lembrança era tão forte que sentia-se de novo uma menina com os pezinhos que mal conseguiam alcançar em sequência os vários degraus da grande escada que conduzia a rua. Descia o mais rápido que podia, as lágrimas turvando os olhinhos e os gritos de socorro entre cortados por soluços que eram abafados pelos gritos do pai que a mandava parar aos berros e ameaças de mais agressões. Beth sempre teve a sensação de que quando o pai se embriagava ( e eram muitas as vezes), ela era o alvo preferido para as agressões. Pensava por pensar, porque sobrava sempre para todos , de uma maneira ou outra todos os filhos se envolviam  cansados daquele terror. Como esquecer tudo isso se as marcas ainda existiam em sua pele e em seu coração? A marcas na pele Beth nem se importava, era o de menos, o que a atormentava de verdade era a mágoa, o ressentimento ou ódio sei lá, o que a atormentava era esse sentimento ruim, contrário ao amor. Beth queria sentir quando pensasse em seu pai, em sua memória, ao menos compaixão, carinho! Esse ressentimento que adoecia sua alma, não podia existir dentro do coração de alguém que quer de verdade se dedicar ao trabalho e a grande Obra de Deus. Beth sabia que precisava perdoar, queria se apresentar pura, inteira na presença do Pai, Ficar livre dos choros sem motivos aparentes quando ficava sozinha de noite em sua cama, queria se ver livre dos sentimentos ruins. Orou desejando perdoar seu pai por tudo, orou querendo ser transformada em uma bela casa, sem reboco cinzento  ou tijolos aparentes, orou querendo ser completamente habitada pelo Espírito Santo de Deus sem cantos escuros, escondidos ou temporariamente esquecidos. Orou e decretou pela fé, o primeiro dia dos seus dias de paz interior, com uma vida espiritual plena, verdadeira. Chorou aos pés do grande Sacerdote Jesus Cristo,  orou, e decretou pela fé  que aquele dia, era o dia de perdoar como Cristo apesar de tudo, a muito já  a havia perdoado, decretou para si um abençoado e grande dia, o  dia de dar a seu pai, O PERDÃO !


Di Vieira

2 comentários:

  1. È mana, a primeira coisa que precisamos aprender a fazer enquanto cristãos é liberar perdão, afinal fomos aceitos por termos sido perdoados ainda que não merecêssemos, se somos amados por quem poderia nos condenar, como não perdoar que conviverá conosco a eternidade? A menos que não estejamos cotados pra ela. #triste Bela escola esta mensagem, como todas também te amo em CRISTO JESUS, graça e paz.

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  2. Só a graça para resolver os traumas que nem tinhamos idéia que essas violencias poderiam trazer, só a graça de Deus para perdoarmos sinceramente e de todo o coração. Abração mano amigo!

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